domingo, 16 de agosto de 2009

Aquelas tardes...


ANTES



Não, qualquer companhia
agora não me daria
nenhum prazer.
Só na solidão resta
uma conta de vidro
de prazer...
O sol, ainda alto, está descendo
Uma música quebrada por horas toca
A atenção e carinho do amor desvaneceu
O silêncio está espesso e desgostoso
Sinto que dentro de mim há algo morto
Ando no meio da rua sem me importar com a morte
Caminho e escrevo
Uma brisa maravilhosamente forte
me enfrenta
Eu a bebo como água
com meus lábios secos
Minha sombra vai à frente
Não tenho saudades
de quem está ausente
e estar sozinho
não é deprimente
seria excesso dizer
que estou contente
estou também ausente
e a música me droga
preenche as horas
um antidepressivo ondulatório

A emoção é algo tão transitório
mas ainda não é o suficiente
talvez eu quisesse um presente
basta que estejas comigo
quando estiver presente.

Amor sem calor
Mas não estou com frio.

(ainda sinto falta)


(catorze de agosto)


DEPOIS


Eu quis te conhecer
E não me arrependi
Ao nosso amor só cabe o eterno estar
Sensações ruins foram pegadas
que o mar apagou
e o luar que no céu sumiu
no nosso amor se alojou

Dentes, febres e peles
um carinho doído e ardente
Ouvir mil vezes as palavras de bem
ouvidos e bocas brincando alegres
e estar só não existe assim
você não está longe de mim
e o tempo eu crio como areia molhada
de castelos e nuvens enfeitiçadas
para morarmos deitados na madrugada
sem sono, sem dano, minha namorada.


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