quinta-feira, 13 de agosto de 2009

anseios


Há perdas tão desnecessárias...
Perder você seria uma delas
entre outras que nos acontecem
mas não vai acontecer.

Deixemos as perdas de lado, meu bem
por um tempo, por uns tempos,
deixemo-nas...
que elas passem sem nós
que elas nos percam
e não nós a elas...

Meu amor,
Não se preocupe com as gavetas
trancadas, as chaves enferrujadas,
as portas emperradas, as janelas
escancaradas dos quartos
Não se preocupe com as perdas guardadas
Deixe-me percorrer pé-ante-pé
o assoalho de madeira ancestral
arrastar meus dedos pelo corredor
vagar minhas mãos pelas paredes
no escuro, a procura, a textura
Fico no aconchego da lareira
mas não descanso de viajar(te)
quero ir até o terraço, rumo às varandas
conhecer o caminho da chaminé em chamas
remoer as estantes e as poltronas
até tornar-me igualmente cômodos
mobília de perdas passadas e vencidas
pintar-me e a nós de tintas impossíveis
pedir-lhe os tons de emoções incríveis
como um raio que descobre os ossos
surgindo dos pôr-do-sois só nossos
abraçados no balanço de braços
na árvore dos sonhos
dos nossos sonhos.

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