segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Contos de Recife (I)


Sábado, deze/nove... Chegamos no hotel quatro da madrugada... deitou e dormiu... fiz-lhe perguntas, fingiu que não ouviu... o despertador tocou cedo, oito e meia a raiar... nove estávamos de pé, dez lá embaixo já... Esperando os outros para passear... Demoravam, demoravam, estavam dormindo, eu e ela distantes. Eu quis conhecer o centro, as ruas um pouco explorar... ela disse "está quente, não vou", pois bem, fui só - melhor mesmo é descobrir o mundo sozinho... andei à direita, fiz uma curva, encontrei um antiquário de móveis antigos, fitas VHS da infância, manequins e câmeras analógicas... saí e dobrei à esquerda até uma encruzilhada de três ruas... para todos os lados havia um Igreja, ah, que lugar maravilhoso, prédios antigos, abandonados, janelas pingando umidade, madeiras mal-pintadas ou fachadas ornamentadas. Belo. Segui pelo meio... passando, perguntei - Onde encontro um sebo? - Vá direto e na Igreja vire à esquerda - No final, olhei pr´um lado, olhei pr´o outro e o sebo estava do lado oposto. - Livraria de livros usados - não lembro o nome, mas tem no cartão. Nossa, que mágico! Era enorme, tinha primeiro andar! Cheguei perguntando - Tem sessão de poesia? - Lá em cima, procure o senhor Tobias (também não lembro o nome, mas, para rimar...). Subi as escadas, olhei ligeiro - O senhor sabe se tem livro de Guilherme de Almeida? - Não sei ao certo, vamos procurar. Mirei o olho e logo encontrei! Inacreditável! Folheei, perfeito... continuei olhando e mais um livro lindo - Pus... folheei, amei! Surgiu um desespero, livros estavam caindo pelos lados... queria ir embora antes que levasse o lugar inteiro! Mas, tolo, mais uma espiada - Canção do Caos - adorei e realmente me desesperei - Preciso ir embora! - Não, veja mais um pouco - Se não for agora, vou ficar louco!... Em direção à escada, perto de livros passei e vi outro! Maldito, era o Noite, de Érico Veríssimo. Peguei também e fui descendo. A atendente um telefone atendia, esperei com os olhos e encontrei, para meu prejuízo, mais um livro incrível - Foram cinco... e setenta pilas... quebrei. Saindo de lá, sem mais nenhum tustão... voltei para a praça onde Lispector estava - sua estátua emplumada, olhar rijo, cabeção... Lembrei dela, lógico, haveria de lembrar mais de quem, não? Andei pouco mais, uma Igreja me atraiu - Tinha candelabros lindos, um sobre o altar. Finalmente embora, sentei na varanda com ela, mostrei-lhe meus queridos artefatos, ela os achou chatos.

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