quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sentido

Feche os olhos. Não os abra. As mãos de fada percorreram seu peito com uma carícia úmida e fria. Desconfiada, pôs-lhe um lenço nos olhos. Mordeu-lhe a orelha, arrepiando-o. Os pelos eriçaram-se todos, e não estremeceram sozinhos. A respiração logo ofegou. Podia sentir-lhe os seios roçando sua pele levemente. Apenas um jogo de sentidos. Uma pedra de gelo procurou a virilha, derreteu. Um beijo de açúcar que estoura na boca. A língua sentiu o mamílo dele enrijecido. Um perfume impregnava o ar de humanidade. O sabor doce andava pelos lábios. As mãos masculinas entraram então na brincadeira. Sentada sobre ele, seus corpos se encontravam delicadamente - ou ardentemente. O latejo a fez ganir. Uma música de harpa, guitarra espanhola, metalofone e voz feminina dançava nos ouvidos. Os dedos percorreram os vales mais secretos, deliciando-se de desejo. Dançavam ritmadamente seguindo os corações excitados. Alguns sopros de vida, um não importar com a morte, um ignorar da sorte. Decidido, trocou os papéis e a vendou com o próprio lenço. Deitada, ela apenas aguardava o que viria e ele então bebeu o prazer da existência. Percorreu o corpo dela e novamente se uniu àquela praia de pele macia, instintivamente arranhava-a a carne e esqueceu-se de respirar. Após dias, as luzes da vida se apagaram e os sentidos transcederam até o nada. E do nada se recriou o mundo.

(não serei explícito)
ou já fui?